Cólica, e agora?

Com certeza uma das coisas que mais angustia as mamães e papais são os episódios de cólica. Ter o bebê ali na sua frente, em uma crise de choro muito forte, sem conseguir expressar o que está sentindo, pode ser muito angustiante.

 

As cólicas são normais e fazem parte de uma fase da vida do bebê. Normalmente aparecem entre 2 a 3 semanas após o nascimento para bebês nascidos a termo, enquanto que para bebês prematuros ocorrem de 2 a 3 semanas após a data que deveria ter sido o parto (com a idade gestacional corrigida). Embora saibamos que alguns bebês são mais predispostos do que outros a ter cólicas, o problema afeta igualmente meninos e meninas, que se alimentem de leite materno ou leite artificial, totalizando 20% dos bebês. Na maioria dos casos, costumam desaparecer após os 4 meses de vida.

A origem das dores é incerta e há algumas hipóteses consideradas: 1. O sistema gastrintestinal dos bebês ainda é bem imaturo e tem movimentos peristálticos (contrações normais e involuntárias do estômago e intestinos) ainda desordenados, o que pode resultar em qualquer irritação e dor quando recebe alguns componentes do leite materno ou do leite artificial; 2) O sistema neurológico dos bebês ainda é bem imaturo e, como é responsável por receber e transmitir a informação da dor, acaba acontecendo uma resposta aumentada ao estímulo de uma dor que não seria tão intensa assim; 3) Os bebês têm dificuldade em eliminar gases.

O fato de as cólicas serem normais não quer dizer que precisamos deixar nossos bebês chorando por aí. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o colo nessas horas não deixa o bebê mal-acostumado – porque tudo que o bebê precisa é de um pouco de empatia e acolhimento. Você gostaria de ser deixado chorando sozinho durante uma crise de dor? Eu acho que não.

Existem medicações que podem ser administradas aos bebês em episódios de cólicas, mas é importante lembrar que qualquer medicação precisa ser prescrita pelo pediatra e que a automedicação é um assunto sério, principalmente tratando-se de bebês, onde qualquer dose diferente da recomendada por trazer consequências muito sérias.

Além das medicações, existem algumas intervenções que chamamos de não-farmacológicas, ou seja, sem o uso de medicações, que podem aliviar, e muito, as dores do seu bebê (e a sua dor no coração de vê-lo sofrendo nesse momento).

Confira nossas dicas:
1) Tente recriar o ambiente que o bebê estava dentro do útero: pouca luz, ambiente calmo, sons contínuos (que imitam a passagem de sangue pelo cordão umbilical) e tapinhas no bumbum com ritmo (que imitam a batida do seu coração enquanto ele estava na sua barriga);

2) Banho morno – na banheira ou no balde – acalmam muito o bebê: aproveite e diminua as luzes do banheiro e coloque uma musiquinha calma pra acompanhar;

3) Massagem na barriga em movimentos circulares e movimentos de bicicletinha com as pernas podem ajudar o bebê a eliminar gases;

4) Se você estiver amamentando seu bebê (ou oferecendo seu leite ordenhado na mamadeira ou por sonda), evite comer alimentos que possam causar gases no bebê: normalmente os alimentos que costumam causar gases em você, podem causar no bebê também, como feijão, grão de bico, lentilha, ervilha, couve, couve-flor, brócolis, repolho, pimenta, cebola, alho, condimento, leite, chocolate.;

5) Apesar da angústia de ver seu bebê chorando, tente se manter calma: as cólicas são normais e vão sim passar – toda sua em energia passa para o bebê, então procure se acalmar antes de aplicar essas técnicas não-farmacológicas para alívio da dor. Saiba que você está fazendo o melhor para o seu bebê.

Carol – enfermeira neonatologista
COREN-SP 205.257


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