Sobre a descida do leite e o que fazer com “tudo” isso

Muitas mães me procuram depois do parto porque estão passando apuros com a alta produção de leite. Quando eu digo “muitas mães”, estou querendo dizer: muitas MESMO.

Realmente a falta de informação durante a gravidez sobre como será a montanha russa de hormônios após o parto é um agravante. Nós não fazemos ideia do que vai acontecer com o nosso corpo e com a nossa mente logo depois que chega nosso pacotinho – porque ninguém nunca nos contou (e às vezes também porque nunca perguntamos a ninguém, nunca havíamos nos preocupado com essa parte).

Uma das principais alterações físicas que nos passa é a descida do leite, ou apojadura como os mais técnicos chamam.

Quando o bebê nasce, somente produzimos colostro – que é o primeiro leite da mãe, rico em anticorpos, e assunto pra uma próxima coluna. Com a sucção do bebê e produção de ocitocina e prolactina (hormônios que produzimos quando as glândulas mamárias – seios – são estimuladas), passados 3-4 dias do parto, seja ele normal ou cesárea, ocorre a descida do leite.

No dicionário, apojadura é o “aumento ou afluência de leite aos seios da mulher que amamenta”. Na vida real, apojadura pode ser um desafio. Isso porque o nosso corpo não entende ainda quando de leite vai precisar produzir. Então, pra garantir, produz muito. MUITO.

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Nessa fase, que dura, normalmente, 1-2 dias, a mulher sente as mamas bem quentes e cheias, podendo ficar endurecidas e com alguns pontos de leite acumulado, como uns carocinhos.

E sabe o que a recém-mamãe precisa fazer pro corpo dela entender quanto de leite o bebê vai precisar? Precisa colocar o bebê pra mamar.

A produção de leite materno é sob demanda, ou seja, quanto mais o bebê sugar, mais vamos produzir. A natureza é muito sábia e tudo funciona direitinho.

O que acontece é que nos primeiros dias o bebê pode ainda estar muito sonolento, então não tem aquela disposição ainda pra mamar muito. Mama alguns minutinhos e já fica satisfeito, deixando a mama da mãe ainda muito cheia. Nesse caso, precisamos de algumas manobras pra aliviar.

Dicas:

– Compressas frias podem ajudar muito nessa hora. O gelado, além de aliviar a sensação de queimação, ajuda com os sintomas inflamatórios da descida do leite;

Não tome banho muito quente, porque o contato da água quente com as mamas pode fazer você produzir ainda mais leite; e, se o seu bebê não estiver mamando super, você pode ter acúmulo de leite e te levar a um quadro de mastite;

– Ordenha manual para alívio com movimentos circulares nos pontos que estão endurecidos pode ajudar a drenar esse leite materno acumulado, inclusive enquanto o bebê estiver sugando;

– Se a mama estiver muito cheia na hora da mamada, pode ser necessário fazer uma ordenha pra amolecer a aréola e facilitar a pega do bebê.

Mas, lembre-se: nada substitui uma avaliação clínica, então se você perceber que não está melhorando com essas dicas, vale a pena procurar uma especialista em aleitamento materno pra te ajudar nessa hora. A falta de informação é o fator que está mais ligado ao desmame precoce – então busque conhecimento e empodere-se das melhores decisões pra vocês.

Carol – enfermeira neonatologista


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