A realidade da amamentação no Brasil

A amamentação deve ser a parte mais desafiadora da maternidade – e você acaba descobrindo isso sozinha, porque ninguém te conta antes da chegada do bebê.

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No Brasil, de acordo com dados coletados pelo Ministério da Saúde, apenas 10% das mulheres amamentam seus bebês até os 6 meses de vida. Isso quer dizer que, até os 6 meses de vida, 90% dos brasileiros já tomaram mamadeira com leite artificial. E, enquanto a recomendação de aleitamento é de 6 meses exclusivo, podendo ser prolongado por até 2 anos em conjunto com outros alimentos, o tempo médio de amamentação da mulher brasileira é de 54 dias.

Estudos mostram que, dentre as principais causas de desmame precoce estão os tabus relacionados à amamentação, como a ideia de que “o leite é fraco” ou de que “o leite secou”, além da falta de preparo da mulher durante a gestação e a falta de suporte após o nascimento do bebê.

Para amamentação, vale a expressão popular de “começar com o pé direito”.

Estudos mostram também que iniciar a amamentação na primeira hora de vida do bebê, conhecida também como “hora de ouro”, interfere positivamente no sucesso da amamentação. E também que receber orientação de um especialista em aleitamento materno nas primeiras 72 horas de vida do bebê diminui a incidência de problemas relacionados à amamentação e que levam ao desmame precoce, como ingurgitamento mamário e fissuras mamilares.

A primeira hora de vida, também conhecida como “hora dourada”, é o momento em que o bebê está mais alerta para iniciar a amamentação e entender como vai fazer para se alimentar nessa “nova fase da vida”. Portanto, independentemente de ter tido parto normal ou cesariana, se a mãe e o bebê estão bem, é muito importante colocar o bebê em contato pele a pele com a mãe logo na primeira hora de vida. Além de estimular a amamentação, ajuda o bebê a controlar a temperatura corporal dele no ambiente fora do útero. A amamentação na primeira hora de vida também é considerada um fator protetor à mortalidade neonatal.

Importante expressar a sua vontade de ter o bebê no peito na primeira hora de vida, porque logo após o nascimento os médicos e equipe de enfermagem acabam se concentrando em um monte de procedimentos e “esquecem” desse “detalhe” de colocar o bebê com a mãe. Mas, se mãe e bebê estiverem bem, todos os procedimentos hospitalares podem esperar. Afinal, o bebê não vai crescer alguns centímetros ou engordar alguns gramas se for medido e pesado horas após o parto, certo?

Outro fator importante que faz parte do “começar com o pé direito” é receber orientações sobre o assunto ainda durante a gestação. As mulheres que se preparam e recebem informações adequadas sobre o assunto estão mais empoderadas para lidar com os desafios diários da amamentação. As intercorrências ainda podem acontecer, mas a mulher já ouviu falar sobre o assunto, sabia que isso poderia acontecer e tem um profissional como ponto de apoio para esclarecer suas dúvidas e ajudar no manejo do aleitamento materno.

Procure sempre informações atualizadas sobre o assunto, tenha um profissional especialista em aleitamento materno em quem você possa confiar e prepare seus familiares e amigos – sua rede de apoio.

 Tudo isso é fundamental para o bom andamento da amamentação e superação dos primeiros dias desafiadores da maternidade.

Carol – Enfermeira neonatologista (COREN-SP 205.257)


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